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Emílio Rui Vilar

Um apurado espírito cívico

De uma vida rica de académico, de político, de cidadão, múltiplas facetas poderiam e deveriam ser relevadas. A decisão de Adriano Moreira doar parte do seu importante espólio bibliotecário ao Município de Bragança, com o intuito de disseminar e de tornar mais acessíveis, no distrito que o viu nascer, as áreas de conhecimento a que dedicou grande parte da sua vida, denota o apurado espírito cívico que o caracteriza.

Adriano Moreira sempre conseguiu conciliar em si, de forma brilhante, as exigências da urgência que resultam do devir histórico de que foi actor em variados e importantes momentos da nossa História contemporânea, com a pausa e a profundidade que a reflexão política séria ou o trabalho académico e científico de qualidade reclamam.

A par destas características, que conjugam a praxis com a teoria, Adriano Moreira manifestou igualmente, ao longo do tempo, uma preocupação transversal com a divulgação da Língua e da Cultura portuguesas. A Língua Portuguesa, em particular, quer pelo valor social, económico e cultural de que é portadora quer pela sua importância estratégica para Portugal, sempre constituiu para Adriano Moreira, um dos seus bons e justos combates.
A sua iniciativa, enquanto deputado à Assembleia da República, conduziu a que esta aprovasse uma resolução que declarou como benemérito da Pátria, em 1993, o Doutor José de Azeredo Perdigão, primeiro presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, assim reconhecendo as excepcionais contribuições que o património científico, cultural e artístico português ficaram a dever-lhe.

Com este acto benemérito a favor do Município de Bragança, Adriano Moreira demonstra que também possui um instinto filantrópico que deve ser saudado e encorajado, como modelo de solidariedade e de devolução à sociedade.

Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian